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Habitação de Interesse Social | 1º Lugar | Caixa MCMV

Conjunto Habitacional MCMV Faixa 1 | Selo Casa Azul | Estrada Velha do Aeroporto | Salvador | BA | Brasil

1º Lugar Concurso Estadual promovido pela Caixa Econômica Federal, UFBA e UNIFACS.

Equipe: Flávio Carvalho | Júlia Pires | Gabriela Cordeiro | Leo Kikuchi

Orientação: Mario Vítor Bastos | Naia Alban

Ano de realização: 2015
Perspectiva do interior do conjunto.
Para nós, a arquitetura só será bem sucedida se permitir que os vínculos se criem, em diferentes escalas, e impulsionem a interação dos seres humanos entre si, a cidade, o espaço, o acervo natural.  Analisando a natureza desses vínculos e as suas relações com o contexto ao qual somos apresentados nesta proposta de concurso, começamos a desenvolver as diretrizes de projeto.
 
Homem e cidade: Como um equipamento de habitação social localizado a uma considerável distância de outros equipamentos vitais para o desenvolvimento de uma cidade sadia pode manter ou consagrar um vínculo entre seus moradores e o território? A partir deste questionamento é feita uma análise do entorno, que nos revela a lógica de que a região é um espaço de expansão da cidade que, apesar de ainda não possuir infraestrutura suficiente para garantir o acesso democrático aos serviços que deveriam ser oferecidos, está sofrendo uma rápida mudança de cenário. O projeto, portanto, não só deve ser concebido a partir de uma previsão de desenvolvimento do local, como também deve possuir características em seu desenho que impulsionem este processo. 
Acessos, um vínculo com o entorno imediato: Depois da primeira grande problemática, chegamos à análise do território específico de intervenção: Um terreno estreito, que possui cerca de 13 mil m² de área, com a presença de uma topografia acidentada, que chega a compor um desnível de mais de 35 metros de altura entre os extremos longitudinais. 
Como, então, abrigar nessas condições um programa de 300 unidades habitacionais de um conjunto habitacional do programa minha casa minha vida, compondo espacialidades que, além de favorecer as relações “multi escalares” acima explicitadas, também respeitem as severas regras da legislação local, do programa citado? Como pensar nesse contexto a viabilidade econômica do projeto e todos os critérios de conforto ambiental, respeito ao acervo natural preexistente, dentre outros? O projeto de implantação, portanto, foi pensado no intuito de corresponder a todo esse conjunto de diretrizes. Os acessos são definidos nas regiões onde a topografia é mais receptiva, pontos onde os taludes perdem sua altura e permitem um contato mais sensível das regiões de acesso com o entorno. Nestes locais estarão implantados os pontos de ônibus, coleta seletiva, equipamentos comerciais (mercearias, bares, salões de beleza e etc.) e alguns espaços públicos comunitários (praça com área infantil, pistas de skates, campo de futebol). Estes serão espaços que impulsionarão o desenvolvimento local, contribuirão consideravelmente com a segurança do conjunto, e gerarão renda para a diminuição das despesas do condomínio, através dos aluguéis dos pontos comerciais.
Perspectiva olho de pássaro.
Perspectiva do interior do conjunto.
Entre os homens, o objeto e o espaço: Partindo para o interior do conjunto, os dois acessos compõem de forma bem distribuída o vínculo com os espaços comuns internos (áreas de estacionamentos, praças, espaços comuns cobertos) e os edifícios residenciais.
A paisagem do conjunto é constituída respeitando ao máximo a natureza preexistente e fazendo uma manipulação racional do terreno, com equilíbrio entre aterros e contenções e a criação de taludes sempre que possível. Além disso, mantém-se no terreno o maior espaço de área permeável e verde possível, condição favorável ao escoamento das águas pluviais, ao conforto térmico, e a composição da paisagem. Acompanhando estes princípios, a tática de projeto de implantação é compor no conjunto o maior espaço possível para as áreas comuns, atendendo à quantidade de vagas de estacionamento prevista por normas e a constituição de espaços comunitários que sejam confortáveis o suficiente a ponto de promover a interação entre os moradores do conjunto. Para isso, foi necessário prever uma maior verticalização dos edifícios, que em algumas situações chegam a ter 6 pavimentos de apartamentos, acessados sem a necessidade de elevadores por conta da implantação em patamares escalonados que oferecem a possibilidade de acesso a partir de níveis intermediários.
Temos três núcleos de concentração destes espaços comuns. O primeiro, localizado próximo ao acesso superior, é o canal de distribuição dos usuários para três edifícios de apartamento. Nessa região teremos dois patamares de estacionamento e 1 patamar no qual se desenvolverá uma praça de caráter misto com área para a horta comunitária, compostagem de resíduos e praça de uso infanto-juvenil, cuja proposta é aproximar as diferentes faixas etárias e promover um crescimento mútuo no dia-a-dia de apropriação do espaço. No núcleo que se aproxima do acesso inferior teremos a condução para dois dos edifícios residenciais e dois patamares principais de área comum, nos quais se desenvolverão os estacionamentos e uma área de menor proporção com equipamentos de uso infantil e canteiros coletivos. O terceiro núcleo fica localizado na região central do terreno e compõe o elo que dá unidade ao conjunto. É possível, a partir dele, acessar por meio de rampas acessíveis os outros dois núcleos. Nele estará localizada mais uma praça de uso misto e os dois espaços cobertos de uso comum: o centro comunitário que se posiciona em área privilegiada com vista para o entorno, e o espaço de estudos comunitários (pequena biblioteca, área de estudos e administração do conjunto). 
CORTE AA
PLANTA DE SITUAÇÃO
CORTE BB
Entre o homem e o lar: Há, sobretudo, a necessidade de se garantir o conforto e o bem estar dos usuários em suas unidades habitacionais. Nesse sentido, foi prevista uma série de artifícios de projeto que trouxessem aos apartamentos condições dignas de conforto acústico, térmico e luminoso, onerando ao mínimo as despesas futuras dos moradores com o suprimento mecânico dessas condicionantes. O primeiro fator é a implantação dos prédios, que  expõe ao poente a face mais curta dos edifícios ou a região de circulação que dá acesso aos apartamentos, protegendo assim as unidades da entrada direta de radiação solar poente nos ambientes internos. Os poços de iluminação e ventilação aparecem como elementos facilitadores da ventilação com o artifício do efeito chaminé e ajudam na iluminação dos ambientes internos. As paredes externas possuem espessura maior do que as convencionais e contam com o auxílio de mantas termo acústicas.
Perspectiva da Fachada vista do interior do conjunto habitacional.
Entre o sonho e o factível: Visando reduzir os custos de produção e o impacto ambiental, o projeto foi pensado de forma que garantisse ao processo construtivo maior facilidade e rapidez de execução. Todo o projeto é modulado e possui estrita compatibilização entre sistema estrutural, posicionamento de paredes e sistema hidráulico, que reflete também numa simplificação dos detalhes construtivos e numa unidade, valoriza e atribui maior durabilidade ao objeto arquitetônico. A materialidade é pensada partindo desta lógica: para a estrutura, escolhemos o aço nas vigas e pilares, lajes steel deck, paredes estruturadas por steel frame com revestimento em gesso acartonado ou placa cimentícia e manta termoacústica (garantia do conforto estipulado por norma), forro em placas de gesso acartonado, telhas de fibrocimento para as coberturas e janelas e guarda corpos de alumínio com pintura anodizada. 
CORTE PERSPECTIVADO
PRANCHAS
Habitação de Interesse Social | 1º Lugar | Caixa MCMV
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Habitação de Interesse Social | 1º Lugar | Caixa MCMV

Projeto enviado para o concurso estadual de estudantes promovido pela Caixa Econômica Federal, UFBA e UNIFACS. Terreno localizado na Estrada Velh Read More

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